sábado, 30 de julho de 2011

Walker - Capítulo Seis.

Fomos o resto do caminho conversando e rindo das bobagens da Chay e do Ryan.
- Tchau gente.
- Tchau Ryan.

- Vai dormir aqui Chay?
- Tem algum problema?
- Não amor. Então vamos.
Dormimos juntos, e ela me acordou muito cedo.
- Bom dia amor.
- Bom dia. - estava morrendo de sono ainda.
- A Lanna acabou de te ligar. Ela estava com uma voz estranha.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não sei, acho melhor você retornar pra ela.
- Vou ligar agora.
Peguei o telefone e liguei pra ver o que havia acontecido.
- Alô, Lanna?
- Oi. - a voz dela estava bem tensa mesmo.
- O que aconteceu?
- Ain, nem sei como explicar.
- Respira e explica.
- Sabe a Kim?
- Sei. O que tem ela?
- Mano, tipo, eu amei ficar com ela, amei mesmo. Sabe, me apaixonei.
- Isso todo mundo já sabe. O que tem de ruim nisso?
- Ontem eu estava conversando com ela lá né...
- Huum.
- Aí eu contei minha vida pra ela, falei que meu pai me aceita bissexual e tals, mas que ele é rígido, e que qualquer coisa que eu faça de errado, ele não vai querer pagar minha faculdade de fisioterapia, que é o meu sonho...
- Sei.
- Disse pra ela que se pudesse, às vezes eu o mataria, porque ele é muito chato.
- E? - eu ainda não estava entendendo o que havia demais naquilo tudo.
- Aí ela me mandou parar e disse que eu deveria agradecer por ter um pai, por que ela sentia falta do dela.
- Ish. Ele faleceu?
- Sim. Tem um ano e alguns dias.
- Que triste.
- Pois é.
- Mas por isso você ficou mal?
- Não, espera.
- Huum.
- Ela começou a contar a história dela. Disse que seu pai morreu de diabete, e que a mãe dela sofre muito com tudo isso. Que ela agora tem depressão, e as pessoas não entendem, a chamam de drogada e tals.
- Hum. - foi aí que eu comecei a sacar o que estava acontecendo.
- Foi quando tudo piorou pra mim. Ela disse que a mãe dela foi culpada por algo que não fez, que foi ter derrubado o Santo Ágato.
- Mentira que ela é filha da Sônia?
- É.
- E por que a mãe dela foi acusada?
- Porque naquele dia, fazia um ano que o pai dela havia morrido, e ela foi lá chorar drogada de remédios, por que eles se conheceram ali. A polícia chegou e imaginou que ela tivesse usado coisas ilícitas. Aí tinha que colocar culpa em alguém, colocou nela mesmo.
- E agora? Você contou que foi você?
- Não tive coragem. Ela me disse que é a primeira pessoa que ela se abre pra falar disso. Fiquei tão chocada, e com tanto medo de perdê-la que não tive coragem de contar.
- Meu Deus.
- O pior foi ela dizendo que não queria se separar da mãe dela, porque ela tem medo da depressão piorar. E o juizado de menores quer a mandar morar com o tio, irmão do pai dela.
- Nossa, e você não vai fazer nada?
- Vou. Não a deixar descobrir que fui eu.
- Mas não é melhor você contar logo?
- Ela disse que queria achar quem fez isso e matar. Que era um ser sem coração que arruinou a vida dela.
- Fudeu.
- Eu sei.
- Nem sei o que te falar.
- Não precisa. Também nem quero saber. Só precisava desabafar mesmo.
- OK.
- OK. - a voz dela estava meio de choro.
- Vai vir aqui mais tarde?
- Vou sim. Tchau.
- Tchau. - tum tum tum tum.
Percebi que ela desligou o telefone pra chorar.
- O que houve amor?
- Nossa Chay, a Lanna se enfiou em uma história, depois te conto.
- Tá amor.
- Vou dormir mais um pouco tá?
- Tá, mais tarde eu te acordo?
- Acorde.
- Tá então.
Demos um beijo e voltei a dormir.

-
Acordei com o Ryan e a Chay gritando e pulando na minha cama.
- O que aconteceu? Caralho.
- Você não sabe da maior. - gritou a Chay.
- É bom ser uma maior mesmo, pra terem me acordado assim.
- Fala você Ryan.
- Tá, vou falar.
- Fala Ryan.
- Tou namorando!
- O que? - fiquei assustado, acontecendo tantas coisas em um mesmo dia.
- ÉÉÉÉ!
- Com quem?
- Com o Fred!
- Ã? Mas como assim?
- É! Depois que eu fui embora, ele me ligou e ficamos conversando um tempão. Conversamos quase até agora no celular, ainda estou sem dormir. Aí eu pedi ele em namoro e ele aceitou.
- Você não acha que tá um pouco cedo demais?
- Não, já são quatro horas da tarde!
- Não era disso que eu estava falando, você entendeu.
- E se tiver? Não ligo. O bom é viver.
- Tá então né. Mas ele não namorava uma menina?
- Era mentira, ele disse que falou aquilo por vergonha de assumir que queria me beijar.
- Sério?
- Uhum. Ele disse que me viu e já deu vontade de ficar comigo, e que ele achou estranho, porque eu fui o primeiro menino que ele teve atração.
- Nossa. Tá bem hein Ryan.
- Tou sim, e muito feliz.
Hoje é um domingo e tanto, pensei.
- Vamos lá pra casa da Sidney?
- Fazer?
- Banho de piscina.
- Vamos, deixa só eu me vestir.
o Ryan e a Chay continuaram no quarto.
- Ryan, sai do quarto, vou me trocar.
- Mas eu sempre vi você se trocando.
- Mas agora é diferente. Você namora.
- E daí? Você é o meu amigo!
- Mas eu acho diferente.
- Tá, eu saio.
A Chay me olhou estranho e o Ryan saiu.
- Por que você o mandou sair do quarto?
- Sei lá, é estranho né? Agora ele é gay assumido e namora. E também, vai que ele me olha estranho?
- Você está sendo preconceituoso.
- Não estou.
- Tá sim.
- Se você diz.
Terminei de me trocar e fomos pra casa da Sidney. Cheguei lá e me assustei com a presença da Kristen, mas tudo bem.
Enquanto tomávamos banho de piscina perguntei pra Sidney:
- Você e a Lanna já se entenderam?
- Já sim, já liguei pra ela hoje.
- E porque ela não veio?
- Tá com uns problemas e preferiu vir mais tarde.
- Ah sim. Entendi.
- Então.
- E o soco? Tá roxinho hein?
- Achei que fosse ficar pior! - rimos.
Estava anoitecendo e a Kristen e a Sidney começaram a conversar.
- Eu queria ir pra Lua Sidney.
- Eu te levo.
- Num foguete?
- Não, com meus beijos.
Então elas se beijaram, ficou todo mundo com uma cara de 'o que está acontecendo'. E bem na hora chegaram a Lanna e a Liah, o pai delas tinha acabado de as deixarem lá.
Elas fizeram que não viram ninguém e continuaram:
- E se eu quiser andar com os pés no chão?
- Ande. Eu sou o seu chão.
- É?
- É.
- E se eu não quiser andar com os pés no chão?
- Peça, e eu te levo pra um lugar que não tem gravidade.
- Pra outro planeta?
- Talvez.
- Como?
- Com o meu abraço.
E elas se abraçaram e depois se beijaram novamente. A Liah foi pra varanda da frente e ficou lá. Percebi que o clima ficou meio chato e fui atrás dela.
- Oi Liah?
- Oi. - percebi que ela estava chorando.
- O que aconteceu?
- Não se faz. Você sabe. Todo mundo já sabe.
- Mas e aí?
- E aí que a Kristen é minha melhor amiga e tá ficando com a Sidney, e eu estava gostando dela.
- Mas você não é hétero?
- Sou, e daí. Só é ela de menina.
- Calma, isso deve ser só um encanto, vai passar.
- Me arrependi de ter convidado vocês pra festa de ontem.
- Calma. Então por que você não pede pra Kristen parar de ficar com a Sidney?
- Por que não, ontem de madrugada conversamos sobre isso, e eu disse pra Kristen que não tem nada a ver, afinal, ela é gay né. Curte menina. Eu não. Posso gostar de outro menino qualquer, mesmo assim tá doendo.
- Entendo.
- Não, você não entende. Mas tudo isso é culpa da Lanna. Ela acabou com a minha vida.
- Ela não sabia de nada.
- Não tou falando só do beijo. A Sidney não me quis mais porque ela fez a Sidney prometer que nunca mais ficaria comigo.
- Nossa.
- Pois é, mas relaxa, isso não vai ficar assim. Não mesmo.
Eu senti que aquilo era uma ameaça, mas não liguei muito. Afinal, a Liah estava brava e com razão.

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